domingo, 19 de julho de 2009

TEIXEIRA DE SOUSA...hoje LUAU...


Isidoro, Luís Lima, João Breda e Manuel Lorena (Teixeira de Sousa-Angola).

Mês sim, mês não, a nossa companhia estava escalada para fazer a escolta ao MVL, ou seja às viaturas civis que de Teixeira de Sousa, pela picada do Saliente Cazombo, vinham em coluna, a fim de abastecer de víveres as populações civis, mas também os diversos aquartelamentos e destacamentos militares instalados naquela área. O fim da linha era a Lumbala a Nova, onde cada MVL se iniciava e terminava.


A "Berliet" da cabeça da coluna...


Partíamos manhã cedo, dando início à 1ª etapa até ao Cazombo. Na frente da coluna duas "Berliet", sendo a primeira considerada como a "rebenta minas", para o que levava no solo da cabine diversos sacos de areia. Em cada uma delas seguia uma secção - 5 homens. Felizmente, connosco, nunca efeito de rebentar minas foi sentido. Seguiam-se as viaturas civis e na retaguarda dois "Unimog", também com uma secção cada um.
Pelo caminho iam-se integrando as viaturas civis, que entretanto tinham abastecido os seus clientes e, agora, regressavam a Teixeira de Sousa, para daí a 4 ou 5 dias regressarem na nova coluna (MVL) com novas mercadorias.
Pernoitávamos na sede do Batalhão (Cazombo) e iniciávamos, na madrugada do dia seguinte, a 2ª etapa. Normalmente fazíamos uma pequena paragem no Cavungo (Nana Kandundo) onde se encontrava a 3ª companhia do nosso Batalhão.
Antes de chegarmos a Teixeira de Sousa, ainda fazíamos paragens técnicas (reorganização da coluna) no destacamento do Massivi e depois no Marco 25, este já sob jurisdição do Batalhão afecto a Teixeira de Sousa.


...um dos Unimog da retaguarda...vendo-se ao longe uma viatura civil...


As picadas eram de um piso horrível, salvo raras excepções de troços recentemente reparados pela JAEA... Por isso as viagens eram sempre muito atribuladas, tanto mais que, por vezes, numa noite de intempérie podiam-se abrir longas e profundas valas nas ditas ou mesmo derrubar enormes árvores que nos obstruíam a passagem...

E se na época das chuvas tinhamos de levar o poncho(impermeável)vestido, para nos livrar de grandes molhas, o que nos tolhía os movimentos e por isso, nos dificultava, em caso de necessidade, uma rápida reacção , já com a época de calor as nuvens de pó levantado nas picadas era de tal forma, que por vezes deixavamos de ver as outras viaturas, quer civis ou militares, perdendo por completo a ligação... Para minimizar as inerentes dificuldades usávamos óculos "tipo motociclista" e lenços a servir de máscara, mas isso de pouco valia, pois o pó era tão fino que se infiltrava por tudo quanto era buraco!


...preparativos para saída em escolta ao MVL...





Chegados a Teixeira de Sousa, e depois de um banho reconfortante, vestíamos a nossa farda nº 2 ou a roupa à civil e íamos até ao centro da Vila... Alí, corríamos ao SEPOL, em cujo restaurante nos deliciavamos a comer um bom bife com ovo a cavalo ou uma alheira com todos os matadores...Depois à noite, caso fosse fim de semana, podíamos ir ao cinema e caso fosse verão ir ao clube assistir às verbenas locais...


Enfim, uns dias de "civilização" para quem durante dias e dias só via mato!
Na foto acima, tirada na fronteira do Luau(Angola-Zaíre ex-Congo Belga), para além do agente da Polícia Portuguesa, em baixo: Raposo e Cunha , no meio: Luís Lima e atrás: Galinha, Lininho(3ª Comp.) e Pedro Manzoni...

1 comentário:

  1. Vila Teixeira de Sousa e agora LUAU. Em 1964-5 nós íamos abastecer de tudo o que precisávamos para viver no Cavungo ou Massibi. Era dia de festa quando passava o combóio..Havia gente boa em v.T. de Sousa .Havia até eleição de misse uma vez por ano. aINDA TENHO UM CARTÃO DE SÓCIO DO CLUBE
    C.CAV.484

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