domingo, 28 de junho de 2009

LUMBALA - " A NOVA "


Assim se chamava a localidade onde a nossa companhia esteve aquartelada.
Pertencia à antiga província do Moxico, cuja capital era o Luso, hoje ambos os nomes foram substituídos por LUENA, nome da etnia indígena que habitava aquela região do planalto, onde existia o Parque Nacional da Cameia.
Situava-se naquele quadradinho no Leste de Angola, mais conhecido pelo Saliente Cazombo. Ficava na margem esquerda do Rio Zambeze entre as confluências dos rios Luena e Lumbala e era atravessada pela estrada que ligava o Cazombo (Alto Zambeze) a Caripande, na fronteira com a Zâmbia.
Na margem direita encontrava-se a Lumbala “a Velha”, onde outro destacamento militar se encontrava aquartelado, e da qual partia a estrada de ligação ao Lucusse.
No presente toda essa toponímia está um pouco alterada e nas buscas efectuadas pouco conseguimos apurar, desconhecendo se alguma destas localidades está habitada, pois a guerra e a fome obrigaram as populações a movimentarem-se para outras áreas dentro e fora do território angolano.
Quando pesquisávamos a palavra Lumbala, apareceu-nos uma nova localidade com a toponímia Lumbala-N’Guimbo, situada onde antes era N’Guimbo e, no nosso tempo, julgo que, Gago Coutinho (terra dos Bundas). Cheguei a esta conclusão porque o seu “aeroporto” tem a sigla “GGC” !

Voltando à região calcorreada por nós de Agosto de 1973 até Novembro de 1974, para falar da estrada que nos levava à sede do batalhão – Cazombo. Seguíamos para Norte, eram uns 100km de picada, experimentando grande dureza e atravessávamos numerosas pontes construídas com troncos de árvores. A primeira povoação que encontrávamos era o Chilombo, igualmente na margem esquerda do Zambeze, onde se encontrava um destacamento de Fuzileiros, depois seguiam-se outras de menor importância e enfim o Cazombo. Aqui, a possibilidade de irmos beber uma cerveja ou comer uma alheira com um ovo estrelado ao “civil”, assim chamávamos aos bares e restaurantes dos comerciantes por ali estabelecidos.
Quando nos calhava a sorte de termos de fazer a escolta ao MVL, então, no dia seguinte seguíamos mais para Norte até ao Cavungo (Nana Candungo) e dali até ao Marco 25, a partir do qual percorríamos a fronteira com o Zaire (ex-Congo Belga) até chegar a Vila Teixeira de Sousa (Luau), onde os comerciantes civis se vinham abastecer.
Teixeira de Sousa era servido pelos CFB (Caminhos de Ferro de Benguela), via de comunicação importantíssima tanto para Angola como para outros países do interior africano, principalmente o Zaíre e, já na altura se mostrava como uma pequena cidade em embrião.
Aqui chegamos de comboio a 24 de Agosto de 1973 e daqui seguimos em sentido inverso até à Lumbala, lembro essa viagem alucinante na caixa de camiões de carga e recordo a passagem pelas povoações e a chegada à Lumbala um pouco à laia de algumas passagens do filme “Apocaplipse Now”! Tudo aquilo para nós era o desconhecido…e a recepção dispensada, a nós “maçaricos”, algo que perduraria na nossa memória.
Ainda falando de Teixeira de Sousa, ali encontrávamos um pouco mais de civilização e, além de podermos ir ao cinema ou a uma matinée dançante, podíamos nos deliciar com uns bons mergulhos na piscina do Luau, junto à fronteira com o Zaire.
De Teixeira de Sousa seguia depois a estrada para Nova Chaves, Henrique de Carvalho, Malange, Salazar…até Luanda. Hoje olhamos o mapa e não conseguimos decifrar este itinerário, o qual, percorremos, no final, aquando do nosso regresso a Luanda, pois a toponímia é totalmente diferente!

2 comentários:

  1. Na foto tenho uma dúvida:
    Vê-se á direita aquela que no meu tempo era a casa do Chefe de Posto, para cá o campo de futebol e mais à esquerda aquelas que eram as instalações de sargentos (a 1º portaà direita eram as nossas camaratas)mas, entre o campo e essas instações, vê-se uma pequena edificação que no meu tempo não existia e cuja utilidade desconheço...

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  2. Tal e qual...
    Essa pequena edificação, à direita, ao lado da camarata dos sargentos, era a torre de vigia para o fundo da pista de aviação e laranjeiras!...

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